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Varíola Do Mamoeiro

  • leticiaagrouesb
  • 13 de fev. de 2016
  • 5 min de leitura

A varíola Asperisporium caricae ou pinta-preta, em relação ao Brasil ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Ceará, é uma das doenças mais comuns e pode ser uma das mais danosas. A doença incide diretamente nos frutos, depreciando-os comercialmente, e nas folhas, afetando o vigor das plantas. Santos & Barreto (2003) relataram perdas causadas pela varíola na comercialização do mamão no estado de São Paulo de até 30%. A varíola, apesar de ocorrer com grande freqüência em mamão, é uma doença pouco estudada. Só recentemente iniciaram-se estudos epidemiológicos mais específicos sobre estratégias de controle utilizando fungicidas e a reação de diferentes genótipos à infecção por este patógeno.



SINTOMATOLOGIA


O desenvolvimento da planta, principalmente as mais novas, pode ser afetado quando a incidência da doença for muito elevada. Nos frutos, inicialmente, aparecem áreas circulares encharcadas, que evoluem para pústulas marrons e salientes, podendo atingir 5 mm de diâmetro. Estas lesões não atingem a polpa do fruto, causando apenas um endurecimento da casca na parte afetada. Porém, tais sintomas desvalorizam o produto para o comércio. As folhas são afetadas, aparecendo manchas marrons de no máximo 4 mm de diâmetro, circundadas por um halo clorótico. A frutificação do fungo, pulverulenta e escura, ocorre na página inferior da folha, dando à mancha um aspecto cinzento a preto. O sintoma típico da doença são pústulas marrons e salientes na casca dos frutos. FOLHAS: Os sintomas apresentam-se como manchas marrons, de até 4 mm de diâmetro e rodeadas por um halo clorótico; no lado oposto da lesão, na superfície abaxial da folha, observam-se as frutificações pulverulentas e escuras do fungo, que dão um aspecto cinzento a negro às manchas. FRUTOS: As lesões ocorrem na superfície do fruto, sem aprofundar-se nos tecidos abaixo da casca nem atingir a polpa, e apresentam-se como manchas circulares e encharcadas, que ao evoluírem tornam-se pústulas de até 5 mm de diâmetro, marrons, salientes e causam o endurecimento da casca na área afetada.


ETIOLOGIA


O fungo Asperisporium caricae é o agente da varíola. Apresenta estroma subepidérmicos com 60 x 200 mm de diâmetro e 60-80 mm de altura, produzindo conidióforos fasciculados, eretos e septados com 40-45 μm de comprimento. Os conídios são piriformes ou oblongos com dimensões de 10-24 x 8-10 mm, escuros, equinulados e bicelulares. Os conídios são disseminados pelo vento e respingos da água da chuva, da irrigação por aspersão ou do orvalho. Insetos que visitam os frutos com sintomas podem também ser uma via de disseminação da doença. Apresenta micelio imerso; esporodoquio hipofilo (este esta presente apenas a baixo da folha), pontiforme, pulvinado, marrom escuro; o estroma é bem desenvolvido, enrrompente (que se rompe); conidioforos agrupados, cobrem a superfície, raramente são ramificados, são retos, flexuosos, podem ficar pendentes, hialinos, coloração olivacea, apresentam muitas cicatrizes de secessão micelial, possuem maças compicuas a baixo da superfície. A média dos conídios medidos a partir de lâminas confeccionadas com material coletado no campo foram 22,5-(17,25)-12,5 x 7,5-(9,5)-12,5.



EPIDEMOLOGIA


Existem poucos estudos sobre a relação patógeno/hospedeiro/ambiente. As manchas responsáveis pela maior liberação de esporos situam-se na face inferior da folha, têm coloração cinza-clara no centro, cercada por linhas concêntricas, de margens marrom-escuras ou pretas. Um estroma subepidérmico projeta-se através da sua epiderme liberando para o exterior conidióforos em cujos ápices se formam conídios escuros, rugosos com duas células que vão contaminar as folhas superiores e os frutos, mais próximos dela. Sob condições de umidade relativa acima de 80%, temperaturas alternando-se entre alta durante o dia e amena durante a noite, com formação de nevoeiro pela manhã, pluviosidade e ventos fortes, acontece a dispersão para as folhas mais novas e para os frutos ainda verdes, que são colonizados e, cerca de 15 dias após, começam a aparecer as novas lesões. A maior dispersão de esporos fruto a fruto observa-se a partir da erupção dos estromas que vão aparecer plenamente no início da sua maturação. As lesões em folhas servem de fonte de inóculo para o fruto, daí a importância de controlar a doença primeiramente nelas. Segundo STEVENS(1939), a infecção ocorre na superfície inferior das folhas maduras, sendo o período de incubação da doença de oito a dez dias e o período latente de 18 a 21 dias. A doença é mais severa em períodos chuvosos e em regiões com alta umidade relativa. A incidência da varíola parece não ser influenciada pelo método de irrigação. O fungo pode sobreviver nos tecidos enfraquecidos e nas folhas infectadas remanescentes na planta, ou nas folhas caídas no chão. A transmissão presumivelmente é feita pelo ar, tem sido reportado mas não a certeza da transmissão por sementes. A incidência na florida é sazonal, mais as infecções ocorrem nos verões tardios e nas primaveras. A doença penetra através da abertura estomatal.


CONTROLE


Um fungicida muito utilizado, embora com controle, na agricultura orgânica é a calda bordalesa. Para agir mais prontamente contra essa doença sugiro a calda bordalesa, com a seguinte receita para 100 litros de solução, que é bastante. Se for usar para poucas plantas adultas reduza bem. Sugere-se pulverizar 0,5 litro por pé como base. É preciso dar um bom "banho" na planta toda. O controle da varíola do mamoeiro é necessário; portanto, propôs-se, neste estudo, avaliar o efeito de aplicações foliares de fosfitos (K, Ca, Mg e Cu) sobre a doença. Dois fosfitos e o fungicida Fosetyl-Al foram testados em condições de campo, com plantas naturalmente infectadas pelo patógeno. Dez fosfitos e o fungicida Fosetyl-Al foram testados sob telado também com plantas naturalmente infectadas por A. caricae. Tanto no experimento de campo quanto sob telado, os tratamentos contendo fosfito reduziram a severidade da doença.



RESISTÊNCIA VARIETAL


Não há referências sobre a existência de variedades ou cultivares de mamão resistentes a A. caricae.



PRÁTICAS CULTURAIS


Os restos contaminados da cultura devem ser retirados do campo e queimados.



CONTROLE QUÍMICO


Não são recomendadas pulverizações com fungicidas em plantações comerciais, pois as medidas de proteção adotadas para o controle das podridões de pós-colheita são suficientes para suprimir o desenvolvimento da doença.



MONITORAMENTO E CONTROLE DA PINTA PRETA


O controle da pinta preta representa os maiores gastos com aplicações de fungicidas na cultura do mamoeiro, sendo necessárias, em certas regiões, até oito pulverizações por ano. Para diminuir o número destas aplicações, deve-se proceder um monitoramento, mesmo em pomares recém-instalados, acompanhando de 10 em 10 dias o progresso da doença. Inicialmente o responsável pelo monitoramento deve procurar nas folhas ou nos frutos lesões novas, que ainda estão com a coloração marrom, uma vez que os estromas, que são subepidérmicos, ainda não romperam os tecidos da folha para formar as lesões pretas ou acinzentadas, responsáveis pela liberação dos esporos. Este tipo de lesão como indicativo do momento de controle é mais importante para os frutos pois, com o controle neste tipo de pinta, elas cicatrizam em tamanhos mínimos, na maioria das vezes imperceptíveis, além de impedir o progresso da doença para os demais frutos ainda sadios.

 
 
 

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